quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Paixão Pela Lua





O litúrgico gemido aflito,
À alta noite enluarada,
Aproxima-se rasteiro, esse sonoro grito
Da criatura angustiada.

Perdida em fábulas e preces de litania
Cristalizando os sussurros que dilacera.
A lua triste, pálida e sombria
Devora o homem, deixando a fera.

Seu Amor latente uivado em prantos,
Afinado como todos os lobos são,
Esse cântico magnífico de puros encantos,
É somente para a lua – sua maldição.

E esta face escarlate suplicante,
Chora pelas dores sua
Dispersando cristais pelo céu brilhante
Deixando-o rubro como a carne crua.

Possui essas presas tão afiadas
E lágrimas por cada osso partido,
Ela clama em vão por todas as vidas roubadas,
Mesmo que estas não as tenham ouvido.

Vem surgindo das trevas p’ra luz que perpetua,
Gritando as dores desse desejo que a consome,
A criatura canta louvores à lua,
Pois seu Amor é maior que a fome.

An. P. Maciel

Nenhum comentário:

Postar um comentário